Pierre De Ronsard (1524-1585), trad. Mário Laranjeira.
Da série de posts "No mínimo, um poema ao dia" - Dia 8, 2016.
A Cassandra
Querida, vamos ver se a rosa
Que esta manhã abriu garbosa
Ao sol seu purpúreo vestido,
Não perdeu, da tarde ao calor,
De sua roupa a rubra cor,
E o aspecto ao vosso parecido.
Ah! Vede como em curto espaço,
Querida, caiu em pedaços,
Ah! Ah! A beleza que tinha!
Ó mesmo madrastra Natura,
Pois que uma flor assim não dura
Senão da manhã à tardinha!
Então, se me dais fé, querida,
Enquanto a idade está florida
Em seu mais viçoso verdor,
Colhei, colhei, a mocidade:
A velhice, como a esta flor,
Fará murchar vossa beldade.
Este poema de Pierre De Ronsard é tão famoso que até versão para piano possui.
Veja a partitura abaixo:
Fontes: “Poetas Franceses da Renascença”, Seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira. S. Paulo: Martins Fontes Edit., 2004; p.72/73. Crédito da foto em destaque: ilustração tirada ao blog Blue Lantern, de Jane Librizzi.