“Voltar a Registro é uma forma de agradecimento. É tão diferente de São Paulo, e fica a menos de duzentos quilômetros de distância! É como se fosse outro país. O país das luzes flutuantes… — Ela sorriu, como se acabasse de descobrir algo sobre si mesma naquele momento.”
No calor próximo ao momento de pós-leitura de um livro que nos surpreende, penso que só nos cabe seguir aquele conselho antigo: respire! Se tem pretensões criticas, então, inspire-expire, pra só então poder escrever sobre o que foi lido…O que posso afirmar por ora é que curti muito o livro com suas nuances de romance japonês aqui e ali — ou, como afirma o Autor: “Este é um livro de ficção. Os fatos aqui são reais na simulação específica em que Yasuro, Naeko e Midori são reais. E cita as fontes que o inspiraram e que são tantas que destaco apenas dois, talvez os de minha preferência: Murakami e Tanizaki; ah, e Ogawa, Sōseki” etc. — aí incluidos outros tantos que desejo conhecer.
Sinopse da editora
“O país das luzes flutuantes”, romance de Marco Catalão, tem como base uma pesquisa sobre a imigração japonesa, especificamente na região do Vale do Ribeira paulista. O enredo ficcional envolve personagens com fatos históricos, tradições e heranças culturais trazidas do Japão, desde o cultivo de chá à cerimônia Tooro Nagashi que homenageia os antepassados. O livro lançado em 2020 pela selo Filocalia (do grupo É Realizações), foi contemplado pelo Edital nº 22/2019 — Produção e publicação de obras sobre patrimônio histórico e cultural material e imaterial no Estado de São Paulo - do programa de Ação Cultural ProAC, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
O jogo Go
O jogo é popular no leste da Ásia, mas seu desenvolvimento pela Internet aumentou muito a sua popularidade no resto do mundo. O jogo permeia a narrativa e é através dele que as duas personagens centrais se encontram, um garoto brasileiro e um senhor japonês, que mal fala português, em Registro (SP). Assim como nesse jogo de tabuleiro, o livro alterna as duas vozes narrativas: a do narrador contemporâneo - que, após 20 anos, em busca do passado do seu oponente acaba se deparando com sua própria história - e a do próprio senhor Yasuru Ota, cuja história vai sendo revelada à medida que os manuscritos dele, que estavam escondidos, vão sendo traduzidos.
O romance O país das luzes flutuantes resulta de um processo intenso de pesquisa e referências literárias, O levantamento envolveu entrevistas com dezenas de pessoas da colônia japonesa do Vale do Ribeira e visitas a bens culturais da imigração japonesa tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), como as fábricas de chá Amaya e Kawagiri, as residências Shimizu, Fukusawa, Amaya e Hokugawa, a sede da Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha, a Igreja Episcopal Anglicana, a Igreja de São Francisco Xavier, as plantações de chá com as primeiras mudas da variedade Assam e o Conjunto Histórico e Paisagístico de Iguape. Além, claro, de acompanhar a celebração da cerimônia do Tooro Nagashi, cuja imagem inspira o nome do livro.
Sobre o Autor
Marco Catalão é poeta, dramaturgo e ficcionista. Nasceu e cresceu em Pereira Barreto (SP), cidade fundada por imigrantes japoneses. Vive em Campinas (SP), onde cursou Letras e obteve os títulos de mestre (2002) e doutor (2013) em Teoria e História Literária pela Unicamp.
Dentre os prêmios nacionais e internacionais, destacam-se o primeiro lugar no Concurso Nacional de Contos Luiz Vilela, em 2008 .com um texto intitulado
Kenji, acerca de um casal de imigrantes japoneses), o Prêmío Internacional Literatura Para Todos, em 2009 (pelo livro de poemas No cravo e na ferradura), o Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia (pela peça Agro Negócio), em 2010, a Bolsa Funarte de Criação Literária, em 2011, e o Prêmio Ideal Clube de Literatura, em 2012 (ambos pelo livro de poemas Sob a face neutra).
Catalão já havia me encantado com este “Poesia fóssil”, uma joia que o Millôr certamente leria com prazer. E, creio, César Miranda também o fará, se já não o fez.
Em 2018, recebeu o Prêmio de Incentivo à Publicação Literária, do Ministério da Cultura. Em 2019, voltou a receber o mesmo prêmio, desta vez conferido pelo Ministério da Cidadania. No mesmo ano, foi indicado para o Prêmio Açorianos de Melhor Dramaturgia do Ano, pelo trabalho em conjunto com Camila Bauer e Pedro Bertoldi em Inimigos na Casa de Bonecas (peça vencedora do International Ibsen Scholarships). Em 2020, seu livro “As asas do albatroz” venceu o Prêmio Rio de Literatura na categoria poesia. Saiba mais sobre o Autor.
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