Caros amigo(a)s
Estou bem sem tempo e recursos para escrever uma Newsletter, porque há 12 dias vivo a aventura de nossa viagem ao Extremo Oriente. O título diz respeito à minha juventude quando o pior lugar no estádio Serra Dourada em Goiânia era o mais barato e onde se assistia ao jogo de pé — na Coreia…
Hoje quando minha mulher e eu jantávamos num pequeno restaurante coreano aqui na ilha de Yeongdo, em Busan (Coreia do Sul), pensei que louco dois idosos aqui. A ruazinha perto do hotel tem dois ou três inferninhos e igual número de motéis. A gente se protegeu de tudo e comemos um excelente frango frito bem coreano
que nossas artérias de idosos não reclamem da gordura, porque, afinal, nosso paladar não reclamou de nada. Au contraire. Só elogios ao jantar.
O dia de hoje foi uma alegria só - as fotos podem comprovar isso
A felicidade frágil se mostra à beira da “favela que virou atração turística” — a Culture Village de Busan, projeto de 2009, portanto menos de duas décadas de revitalização de um espaço que tinha tudo pra ser uma favela de verdade. Oneida mostra mais um feito da Coreia do Sul, em sua evolução silenciosa entre os chamados “tigres asiáticos“ — Educação + Trabalho - corrupção (uma ex-presidente cumpre mandado de 24 anos por crime de corrupção! e, óbvio, não participa da vida política do país!).
A Coréia do Sul é literalmente outro mundo…
É, a um só tempo, moderna e conservadora, é tecnológica e tradicionalista.
Saiu de uma guerra devastadora nos anos 50 para uma ditadura militar. Só se transforma em ma democracia perto dos anos 90.
Um país que tem a metade da área do Paraná em 30 anos saiu da miséria absoluta para ser a 10a economia do mundo (nós somos a 13a)
É impressionante! Apaixona-nos.
Os coreanos tem seu jeito próprio de ser - bebem e comem como Titãs; trabalham como bestas de carga; resistem muito (tem resiliência); nunca atacaram ninguém e foram colonizados e oprimidos pelos japoneses de 1907 a 1945. Saíram de tudo isso vitoriosos. Além de resistirem aos irmãos comunistas do Norte - os losers.
Uma certa nostalgia da Era da Dinastia Joseon paira sobre Seul e o país todo … como nos provam as multidões que frequentam o Palácio Gyeongbokgung em Seul e as representações dele em peças, músicas e até nas notas da moeda local (wons)
Penso na cidade imaginária a que os romances lidos me conduziram e a cidade (o país) real. “Pachinko” ou “Cuidem bem de mamãe” criaram uma Coreia imaginária que o concreto dia-a-dia vai confirmando e negando, como as ondas do mar que nos circunda nesta ilha em que nos estabelecemos por dez dias. Vivendo Yeongdo e avistando o mar todas as manhãs, vou tecendo a minha Busan, saboreando o meu pedaço de Coreia, com ou sem soju, com ou sem frango frito (ou lamen) — para terminar o dia e este post que feito no celular vai se alongando em inconsistências…
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